Atemporal, a cadeira medalhão de Christian Dior continua a inspirar um dos designersde maior destaque de sua geração, Philippe Starck, 74 anos, criador da primeira coleção abrangente de móveis da maison de alta-costura francesa.
Assim como Fendi, Versace, Hermès e Armani, a Dior se posiciona no mercado de móveis de interiores com coleções de luxo inspiradas em sua história e em seu universo criativo.
Depois da cadeira Miss Dior, criada há um ano em homenagem a Catherine Dior – combatente da resistência, florista e irmã do fundador da marca francesa – Philippe Starck apresentou a poltrona Monsieur Dior, de linhas puras e alumínio polido ou lacado, na segunda-feira, 17 de abril, no Palazzo Citterio, em Milão.
Esta poltrona “sai de um ícone eterno que é o ícone do povo francês e é feita de um material inalterável. Nos deparamos com uma precisão histórica, cultural, sentimental e até mesmo ecológica”, disse ele em entrevista à AFP, durante o Salone del Mobile.
Apresentada em tecido toile de Jouy cru bouclé ou rosa, preto ou laranja fluorescente, a dupla combina com banquinhos, mesas bistrô, mesas de centro, mesas de canto e mesas de jantar, todas Made in Italy.
Luxo sustentável
“A chegada das maisons de alta-costura à indústria do mobiliário, com o seu know-how, seu talento, sua potência”, nos permite ver criações “que nunca vimos antes”, diz Philippe Starck.
No entanto, este defensor do “design democrático” afirma não ser um “entusiasta do luxo”, mas sim “um entusiasta de extrema qualidade e inteligência”.
“Luxo, quando significa mostrar aos outros que você tem mais dinheiro, me dá nojo. Mas quando você pode comprar coisas muito bem feitas e que duram para sempre… você está no mundo moderno, em outro ritmo de consumo e no longo prazo”, afirma.
Projetada pelo carpinteiro francês Louis Delanois em 1769, a cadeira oval com espaldar medalhão tornou-se um ícone da alta-costura por Christian Dior. O costureiro francês, falecido em 1957, acomodava seus convidados em sua loja em Paris em cadeiras medalhão estofadas em cana e toile de Jouy.
“Criador e Revolucionário”
Christian Dior não hesitou em traçar um paralelo entre a alta-costura e o mundo do design e da arquitetura.
“Um vestido é confeccionado e construído de acordo com a direção dos tecidos, esse é o segredo da alta-costura e é um segredo que depende da primeira lei arquitetônica: a da obediência à gravidade”, resumiu em uma conferência em 1955.
No entanto, para Philippe Starck, “o design nunca estará na moda, nunca será um produto da moda, pois eles não têm a mesma duração” de uso.
Algo em comum com Christian Dior? “Ele foi um criador e espero ser um criador, ele foi um revolucionário e espero ser um revolucionário, ele foi uma pessoa honesta e tenho certeza que sou honesto, ele é alguém que perdura e eu também”, disse, rindo alto.